sábado, 16 de junho de 2012

Intervenção Urbana


O que é intervenção urbana?

Intervenção Urbana é o termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. No início, um movimento underground que foi ganhando forma com o decorrer dos tempos e se estruturando. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de corte. Particulariza lugares e, por decupagem, recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas.

"Houve um tempo em que o termo intervenção era privilégio legítimo de militares, estrategistas ou planejadores e o urbano adjetivava o futuro ainda longínquo para a maioria da população mundial. Se a intervenção urbana foi, no século XX, predominantemente heterônoma, uma ordem vinda de cima, a partir da segunda metade deste mesmo século, os artistas começaram a interceptar tal heteronomia e a apropriar-se da possibilidade de intervir no mundo real e na cultura, irreversivelmente urbanos. Neste curto intervalo histórico, diversas iniciativas artísticas realizadas fora dos museus e galerias, dos palcos e dos pedestais buscaram novas relações socioespaciais e consolidaram a idéia de intervenção urbana em dois rumos: como estratégia de transformação física (monumentos também heterônomos) ou como tática de uso da cidade e da cultura (interferências efêmeras, imagéticas, móveis, colaborativas). Atuando através de forças imprevistas, de conflitos de tradução e da expansão das noções e hierarquias tradicionais do espaço, tais práticas (a deriva, o minimalismo, aland art, o building cut, happenning, o site-specific, etc.) desmontaram de uma vez por todas a ideia clássica de arte baseada no consenso e possibilitaram a emergência complexa e indelével da noção de público. E se hoje a expressão intervenção urbana soa como lugar comum até no mais remoto rincão sonhado pelos landartistas ­– quando o território está globalmente esquadrinhado pelos satélites, parcelado pelos interesses imobiliários e maculado pela latinha de Coca-Cola abandonada – o espaço público continua a ser uma das promessas não cumpridas da cidade. Público que, obviamente, não se refere apenas à ideia de audiência ou espectadores, mas a um conjunto de redes e espaços de participação e autonomia que conformam o território “de todos” na cidade, na diversidade dos seus aspectos sensíveis. Uma breve e provisória taxonomia do espaço público no contexto da arte atual delineia, em maior ou menor grau, o desejo – poético, político, coreográfico – de propor contribuições para futuros renovados que permitam que o senso de coletividade e a prática espacial crítica exerçam-se na cidade: (1) as experiências artísticas construídas sob a ideia do espaço público como mera localização testemunham o esvaziamento de suas redes territoriais, quando a cidade é utilizada apenas como lugar de exibição ou palco especial; (2) o espaço público entendido como processo e negociação retoma a esfera pública com seus conflitos e diversas vozes, tentando ver emergir discursos e possibilidades; (3) o espaço público como lugar de estudo corográfico tenta se aproximar das investigações geográficas e geopolíticas, repensando a arte através das experiências dos territórios de intolerância mundial; (4) o espaço público como prática de mapeamento performativo apresenta a ideia do mapa pessoal como escritura crítica de navegação da cidade; (5) o espaço público virtual lida com a emergência dos aparatos globais de medição, comunicação e monitoração do espaço, num alargamento redundante da esfera pública.." Renata Marquez e Wellington Cançado

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